30.3.07

O meu príncipe!

No dia em que saimos da maternidade, 22 de Março de 2007...sim nem 24H depois já estavamos em casa!

8 dias e algumas horas depois...

Não deu tempo para avisar…

3ª Feira fomos ao médico, a criança dormia no seu aquário a 37ºC e nem com um chocolatinho se animou para o registo no CTG… apenas o toctoctoc do seu coração ficava registado uma vez que as contracções eram zero!
Desistindo do CTG passamos à sala da ECO para avaliar a quantidade de líquido amniótico… a confirmação chegava rapidamente: estávamos quase a seco e tínhamos de provocar… mas quando?
A resposta chegou que nem relâmpago: “Amanhã!”
O meu olhar cruzou o do Nuno em estado de choque… tínhamos ponderado as várias hipóteses para data de nascimento, mas “amanhã” nunca tinha sido posto em causa… Foi-nos explicado que a outra possibilidade seria 2ª Feira dia 26, porque o médico se iria ausentar para um congresso de 5ª a Domingo MAS que, 2ª feira poderia ser arriscado… Não havia dúvidas então!
“Amanhã”, 4ª feira, dia 21 de Março de 2007… bem… seria o primeiro dia da Primavera, pareceu-nos um bom dia para o Dioguito nascer!
Saídos do consultório do médico havia um sem número de coisas para tratar… assuntos inadiáveis e que estavam programados para os próximos 15 dias! Assim, entre ir tratar de aspectos burocráticos, organizativos, técnicos, práticos e estéticos, a tarde voou num instante e eram 2 da manhã quando chegamos à cama, com a sensação de que a gravidez estará prestes a terminar… sem dúvida para que algo deveras melhor viesse em sua substituição!
O pensamento de que a barriguita ia desaparecer assustou-me… durante 8 meses e meio o bebé foi só meu, estava dependente apenas de mim e, àquela altura da madrugada o facto de todos o poderem ver e sentir fez-me sentir angustiada, não tivera tempo para me despedir…
Tinha de estar no HCVP às 9h30, hora crítica para chegar de Carcavelos a Benfica e por isso combinamos partir tão cedo quanto nos permitisse estar lá sem passar horas no trânsito, mesmo que isso implicasse a ficar cerca de 1 hora a fazer tempo num café ou outro local… Combinamos partir pelas 7h45…
Só que a ansiedade era maior que o sono e às 5h30 já ninguém me dizia que era hora de dormir, às 6 estava estacionada entre os lençóis e 20 mins depois resolvi levantar-me e fazer o último pequeno-almoço a dois… um cafezinho e ovos mexidos com fiambre. 6h45 chamei o Nuno para comermos o saboroso manjar sob o olhar atento dos peixinhos.
Tinha a obrigação de tomar o Cytotec (comprimido para induzir as contracções) às 8h, ou seja, no meio do trânsito da A5… e se o efeito fosse rápido e os carros não saíssem da frente?!!?? Acordámos que tomaria o comprimido ao entrar na 2ª Circular, por segurança para uma eventual crise contractiva (e o meducho), e assim foi… 8h15 abri o blister e dei inicio à indução do parto.
10 mins mais tarde estávamos a estacionar ao portão do hospital, e em breve sentados na mesa do café para um último snack (no meu caso, e mais um para o futuro papá) antes da derradeira hora.
09H20 subimos o elevador ao piso 3 – Maternidade. Um nervoso miudinho surgiu… estava quase…

Só que… A Lua tinha mudado e, durante a noite 8 grávidas tinham dado entrada de urgência, sobrelotando a clínica que já estava toda por conta das marcações, acabando por não haver quartos para se fazer o internamento…

Dei comigo na sala de espera, juntamente com outras grávidas, aguardando a nossa vez para CTG e/ou sala de partos… pensei que não demoraria muito e pus-me a adiantar trabalho subindo e descendo as escadas entre o piso 3 e o piso 6… mas, 1h depois ainda marcava posição na sala de espera.

Talvez perto das 11h me tenham chamado para passar a fazer o CTG. O Nuno entrou logo depois para me fazer companhia e não tardou a que se juntassem a nós a minha mãe e a minha tia… Acho que o caos era tão grande que a regra de apenas 1 acompanhante tinha sido abolida. Os 2, 3 ou 4 (porque haviam uns que iam saindo e voltando) na pequena sala debatíamos variadíssimos temas, acabando inúmeras vezes numa risota tal que as sondas quase saltavam da proeminente barriga e, gerando um acréscimo de pulsações no babe.

40/50 mins depois voltava para a sala de espera, juntamente com os meus acompanhantes. Pouco tempo depois aparecia o obstetra, a quem quase caía o queixo quando me encontrou do lado de fora da porta da maternidade. Minutos depois estávamos os dois lá dentro procurando uma sala para observação, e qual não é o meu espanto quando me vejo de novo na pequena sala do CTG. As contracções tinham feito o bebé encaixar e a possibilidade de seguir para parto normal podia ser considerada com mais peso do que a cesariana (uma vez que com as 6 semanas de descanso o bebé tinha voltado a subir). Nessa altura foi feita a indução intra vaginal com ¼ de comprimido de cytotec… agora a coisa ia apertar… e para onde voltei eu?? Txaram… sala de espera!!!
Algum tempo depois as dores aumentavam e a posição “sentadinha no sofazinho” era insuportável…. Mais uma vez a solução foi a já conhecida salinha do CTG.
As horas foram passando, os acompanhantes rendendo-se uns aos outros, uma vez que se iam acumulando lá fora mais membros da família.

16H e qualquer coisa chegou a hora da verdade! Finalmente uma sala de parto para mim! O nervoso miudinho voltou a apertar: as mãos transpiravam e um remoinho no estômago fazia-me tremelicar o lábio… estava quase quase…
Soro a correr, bolsa de águas rebentada, tv ligada na MTV e um quadro que ainda não consegui perceber se era um “sol para iluminar uma nova vida” ou um “alvo para fazer pontaria na hora H”…
2 dedos de dilatação e mais uns minutos de contracções cada vez mais fortes culminaram na administração da anestesia epidural. Fantástico! A partir daqui, apenas o formigueiro me incomodava.
O rodipio de testemunhas ia continuando, agora com mais controlo.
As horas passaram num instante apenas sentindo um moinha na barriga e controlando a intensidade das contracções pela aparelhagem. Tudo o que era receio passou a pertencer ao passado.

Por volta das 19h o médico, que tinha resolvido ir cumprir as marcações ao consultório enquanto o “trânsito” não passava, regressou à clínica. 4 dedos de dilatação, o soro a correr a 100 e uma pequena ajuda técnica e avançávamos a passos largos para o parto propriamente dito.

Perto das 20h estávamos prontos. O anestesista reforçou a dose de anestesia, as enfermeiras transformaram a cama em marquesa de partos, o pediatra e anestesista tomaram as suas posições, o obstetra equipado e o pai da criança na cabeceira da cama.

Não sei quanto tempo durou… garantidamente não foram mais de 10 mins para o ouvir chorar! Empurrando a cada contracção indolor, de peito cheio de ar, senti a pressão no canal aumentar, pensei que fosse o médico a alargar mas não… era o meu filho que estava a nascer, naqueles poucos minutos que durou o momento de expulsão.

20h20m e era mãe, as lágrimas caiam-me dos olhos…era mãe! Tinha dado à luz um menino de olho aberto e olhar atento, de 49cm e 2.940Kg… era o meu Diogo!!! Um menino perfeitinho… era o meu príncipe, aquele por quem tinha ansiado durante quase 9 meses… Ali nos meus braços… o meu tesouro!

Afinal, tinha tido uma hora pequenina!