O post que não conseguia ser escrito...

Hoje decidi falar de uma coisa que ando a adiar à muito...algo que me tem como sufocado nos últimos meses... algo que me tem enchido aos poucos por dentro mas que até agora parecia que não conseguia exprimir exactamente o que sentia sobre esse assunto... não vou dirigir as palavras a ninguém em especial, reflectem apenas o que eu sinto, são o quebrar do silêncio, o desgelo se lhe quiserem chamar assim...
Perdi a conta aos dias que passaram desde esse dia, não consigo dizer a data exacta, acho que o meu sub-consciente me quís proteger... se calhar é por não ter sido numa data específica mas num conjunto delas... todos os dias do ínicio do fim...
A verdade é que parece que tenho vivido num limbo, numa especíe de ressaca, uma vida condicionada por muitos acontecimentos do passado, que me limitam e não me deixam viver a 100%... que me fazem sentir triste por terem acontecido, revoltada por não ter tido forças e, ao mesmo tempo, aliviada por não existirem mais ...
Durante todo aquele tempo dei por mim a viver diferentes experiências de vida...
Convidei-te para o meu mundo cor de rosa... pensava que o teu era o mundo azul que me faria feliz... mas o teu mundo era e sempre foi cinzento... e um dia achaste que o meu mundinho cor de rosa era piroso e sensaborrão e resolveste escurecê-lo de vez... e eu sofri, perdi-me e quando me encontrei de novo era tarde, estava demasiado magoada para esquecer, para perdoar... pedi tantas vezes paar ser forte para não deixar os fantasmas virem à tona da água... mas eles insitiram em vir... porque tu nunca deixaste o teu mundo cinzento e continuaste a criticar o meu mundinho perfeito...
Um dia desisti de tudo, desisti de tentar remar a favor da maré que me levava...não era para lá que eu queria ir... remei contra.... o mundo rosa virou acinzentado realmente, mas eu era movida por tudo o que tinha aprendido contigo...
Ensinaste-me que os fracos não vingam no mundo, temos de ser fortes para vencermos... ensinaste-me que não possso contar com ninguém sem ser comigo própria... ensinaste-me a sofrer e a ter de aguentar a dor até não poder mais... ensinaste-me que o nosso maior amor é também aquele que é capaz de nos fazer sofrer mais na vida e que provavelmente será sempre a nossa maior desilusão... ensinaste-me a ter sede de vingança e a querer tudo por mim...
Podia agradecer-te o monstro que me tornaste por me teres feito ver que podia ser forte... mas não o posso fazer... sei que me tornei uma pessoa fria e dura, agressiva e por vezes maliciosa... não me tornaste uma pessoa melhor por isso, apenas uma pessoa mais capaz...
E ao fim para quê? Tornei-me numa pessoa igual a ti...e acabei por te fazer sentir isso até ao ponto que se tornou insuportável... em que a minha vontade era sempre inconveniente, sempre inconcebível, insutentável... proque não era a tua vontade...
Enquanto escrevo sinto um aperto forte no peito...parece que tou a explodir em emoções e sensações...à muito tempo que tudo isto se acumulava cá dentro e eu tentava dissimular...e eu tentava contrariar... tentava esquecer e agarrar-me apenas ao sonho... mas o sonho desvaneceu-se, tornou-se um pesadelo.... irremediavelmente perdido...
Até que chegou o fim....tantas vezes adiado...tantas vezes reavaliado... e eu fiquei triste e com o meu mundo cor de rosa destruído... o meu mundinho cor de rosa choc ficou esfarrapado, estraçalhado, encardido e desiludido... deve ser assim que acontece nas guerras...saímos vitoriosos no meio de um mundo destruído...
Na carne ficaram cicatrizes, marcas profundas... arranhões cravados à força cá dentro, que não me deixam esquecer e que me prendem, que me rpendem, que não me deixam voar.... que não me deixam viver em paz... que não me deixam partir e esquecer... e a sério que eu gostava de esquecer tudo o que foi mau e guardar apenas o que foi bom, para que pudesse dizer pertence ao passado e guardo com carinho... pode ser que um dia consiga fazê-lo e consiga dizê-lo mas até lá serão palavras escritas e impossíveis de falar por serem um fardo demasiado pessado para mim...
Enquanto as conseguir escrever vou poder aliviar um pouco este sufoco que me fazes viver mesmo agora, depois do fim...afinal de contas sempre foi assim que enterrei o me sofrimento... em palavras escritas, fechadas em livros, aprisionadas noutro suporte que não o meu peito... e assim fico mais leve... e serei mais feliz....
E o meu mundo volta a ser cor de rosa porque é nele que eu gosto de viver... e talvez nele encontre a paz...